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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Carta aberta a Edir Macedo

CARTA ABERTA AO EDIR MACEDO
Caro Sr. Edir Macedo,
Eu não lhe conheço e nem o senhor me conhece. A imagem que eu tenho do senhor e da sua igreja, a Universal do Reino de Deus, foi construída através de informações que recebi ao longo de mais de duas décadas. Assim, me responda, por favor, o que eu posso pensar acerca do senhor e de sua igreja, tendo em vista que o que eu soube foi...
1. Por volta de 1983 conheci a primeira pessoa que fazia parte da sua igreja, Pedro Ciriano, um homem analfabeto, porém cheio de amor pelos outros.

2. Por volta de 1997, um gerente do Carrefour denunciou que o "azeite santo de Israel", vendido no templo de sua igreja em Goiânia, onde eu residia a época, era, na verdade, óleo de soja adquirido em grande quantidade naquele supermercado.
3. Em 1998, um policial que fazia "bico" escoltando o dinheiro arrecadado no templo de sua igreja, no bairro do Brás, na cidade de São Paulo, e o transportava para um banco na Av. Paulista, ao ver a quantidade de dinheiro arrecado, me convidou para abrir uma "igreja", pois, segundo ele dizia, nunca havia visto nada que desse tanto dinheiro. Ele me convidou porque dizia que eu falava muito bem e que ele cuidaria da grana. Detalhe, nem cristão ele é!
 
4. Já após o ano 2000, a empresa que eu trabalhava me encarregou de comprar três aeronaves, duas para transporte de cargas e um jato executivo para a presidência. Por volta de 2003, a empresa trocou o avião que eu comprara por um Falcon 2000. Sempre ouvi rumores de que o senhor também tinha avião particular e que ele ficava estacionado em Sorocaba-SP, para não chamar a atenção. Imagine a minha surpresa ao ler este mês, no Jornal o Estado de São Paulo, que o avião do senhor, também um Falcon 2000, transportou uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Aparecida do Norte até Praga, na República Checa. Só para servir de lembrete ao senhor, um Falcon 2000 custa cerca de US$ 28 mi (vinte e oito milhões de dólares!). A empresa que eu trabalhava deve faturar em 2007 cerca de R$ 4 bilhões de Reais. Como explicar que o líder de uma igreja tenha comprado um avião desses? Com que dinheiro o senhor comprou? Ou essa empresa, Alliance Jet (http://www.alliancejet.com.br) não é de propriedade do senhor?
5. Em agosto desse ano, li uma reportagem da Revista Veja sobre uma casa que o senhor está construindo em Campos de Jordão-SP. Diz a reportagem que "A casa, que deve ficar pronta dentro de dois meses, é avaliada em 6 milhões de reais. VEJA visitou os 35 cômodos do imóvel, distribuídos em quatro andares. Ao todo, são dezoito suítes, todas equipadas com banheiras de hidromassagem. A maior delas, a do bispo, tem 100 metros quadrados, sauna e uma banheira suficiente para seis pessoas." De onde veio esse dinheiro? Ou essa casa também não é sua?

6. Em setembro passado, vi também as matérias sobre a inauguração da Record News, emissora de TV que, segundo noticiado, é de sua propriedade. Eu me pergunto onde foi que o senhor conseguiu os US$ 7 mi (sete milhões de dólares) para investir nessa empresa?
 
7. Por último, para não me alongar muito, eu mesmo vi o senhor, na sua TV, dizendo em um programa especial que "o Rei é rico" e que "não existe Rei pobre", numa tentativa de justificar a sua riqueza. Como eu entendi que o Rei a quem o senhor se referia era Jesus, resolvi lembrá-lo de algumas coisas simples que esse Rei disse e fez.

a) Jesus, o Rei dos Reis, disse a alguém que desejava segui-lo que "As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mateus 8:20).

b) O Rei dos Reis também disse que "Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui" (Lucas 12:15).

c) O Rei dos Reis também disse que "O Reino de Deus não vem com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:20-21).

Portanto, o Rei dos Reis, Jesus Cristo, não nasceu em palácios; não viajou de um lugar para outro em grandes carruagens; não estabeleceu nenhum poder político em Roma; não construiu nenhum grande templo; não tinha nada exterior que representasse poder; e a única propriedade que deixou como herança, ao morrer, foi uma túnica -- que nem dele era. Todavia, esse Rei dos Reis era e é riquíssimo, mas não daquilo que o senhor parece entender ser riqueza, pois o verdadeiro tesouro do Homem está no coração, segundo o próprio Rei dos Reis falou (Mateus 6:21).
 
Em 31 de outubro de 1517, portanto, há 490 anos atrás, um obscuro monge agostiniano pregou 95 teses nas portas do Castelo de Wittenberg denunciando a venda de indulgências (compra do favor de Deus através do dinheiro!) pela Igreja Católica Apostólica Romana, como uma abominação. O dinheiro arrecadado serviria para a construção da Basílica de São Pedro, diziam aqueles que vendiam o "passaporte para o céu".

Hoje, o dinheiro arrecadado pela sua igreja vendendo indulgências modernas (riqueza já, aqui naTerra) não é nem para construção de templos, mas, pelo visto, para enriquecimento do senhor. Afinal, como o senhor explica o seu patrimônio?

Em vista de tudo o que escrevi acima, me responda, por favor, o que eu devo pensar acerca do senhor e de sua igreja?

Atenciosamente
Bento Souto

segunda-feira, 7 de março de 2011

Boate de Crente (por Caio Fabio)

Leia Romanos 14 e você entenderá qual é a postura de um cristão frente coisas desse tipo. A leitura é tão simples que não farei comentário algum, pois sei que você entenderá.
Há, todavia, algumas coisas que gostaria de tratar com você, pois tenho algumas opiniões a lhe dar.


1o. Boate de crente, cerveja de crente, e tudo mais de crente e para crente, além de ser, em-si, algo careta e feio, é sintoma e manifestação de que os crentes não são o sal da terra, mas sim o sal dentro do saleiro. Ora, isto é reflexo daquilo que foi ensinado aos crentes: que o diabo mora na boate, que os demônios vivem no álcool e que o mundo é um lugar, não um espírito. Assim, quanto mais pensam que o mundo é feito de lugares, mais eles se tornam mundanos, visto que não vão aos lugares do mundo, mas criam seus “corbãs” (Mc 7:9-13) a fim de jeitosamente darem seus “jeitos” em relação àquilo que se diz ser mundano, mas que eles não vêem mal algum em fazer, tendo que fazê-lo dentro do aquário cristão, visto que para eles o mundo é um lugar, não um espírito. Assim, eles tornam mau, pela sua própria alienação e preconceito, algo que em si nem é bom e nem é mau, dependendo apenas de como cada um lida com a coisa em si.


2o. O mundo é um espírito, de acordo com Paulo. Ele chama de “curso deste mundo”, cuja tradução modernizada seria “o fluxo da corrente deste mundo”. Ora, esse espírito do mundo foi jeitosamente vinculado pelos evangélicos às coisas do lazer, do prazer, da diversão, dos relacionamentos, das festas, das boates, dos cigarros, das bebidas, das roupas e dos cosméticos. Assim, mesmo que uma pessoa que seja bondosa, sóbria, piedosa, misericordiosa, madura, limpa de olhos, sem inveja, não interessada em fofocas nem em disputas de espaço religioso, e plena de amor a Deus — ainda assim a tal pessoa será considerada mundana se tomar cerveja ou outra bebida alcoólica, se gostar de dançar, se fumar cigarro, se vestir-se bem e conforme gostos modernos e se não falar conforme a língua do gueto cristão. E isso é assim porque para os “evangélicos” o que contamina o homem é o que entra pela boca e não o que sai do coração. Ou seja: a maioria dos “evangélicos” são discípulos dos fariseus enquanto pensam que são discípulos de Jesus.


3o. No ensino da Palavra há “um mundo” ao qual se deve odiar e há “um mundo” ao qual se deve amar. O mundo que se deve odiar é feito de espíritos de maldade, inveja, corrupção, malícia, manipulação, ódio, raivas, iras, perseguições, antipatias, inafetividade, e objetização do próximo. Esse é mundo que se deve odiar, e que existe tanto na “igreja”, em seus concílios e em suas convenções, quanto em qualquer disputa política no Congresso Nacional. Já o mundo que se deve amar é feito de gente, de todo tipo de gente, e tem a ver com a celebração da vida, da alegria, da comunhão humana, da sociabilidade que aproxima os diferentes; visto que tal “mundo” é objeto do amor de Deus: a humanidade.

4o. Assim, em Jesus, o mundo existia muito mais no Sinédrio de Jerusalém do que na casa dos publicanos. Era em Jerusalém, a Jerusalém dos cultos ininterruptos, onde Jesus via o mundo; e é de lá que vêm os poderes acerca dos quais Jesus diz: “Vamo-nos daqui; pois aí vem o príncipe deste mundo” — embora quem chegue sejam as autoridades religiosas a fim de prendê-lO.


5o. Se o mundo, segundo Jesus, fosse festa, bebida, dança, etc, então, se deveria dizer que Jesus era um mundano, visto que Ele comia de tudo (a ponto de Lhe chamarem "glutão"), bebia de tudo (a ponto de ser designado como "bebedor de vinho"), andava com todos (a ponto se ser chamado "amigo de pecadores"), e não criava eventos para os pecadores, de um lado, e para os discípulos, de outro. Ao contrário, Ele levava os discípulos para a boate dos publicanos, para a festa dos pecadores, para os banquetes dos mundanos, do ponto de vista da religião.


6o. Jesus também não bebia cerveja ou vinho sem álcool. O vinho que Ele criou em Caná era vinho mesmo, como convinha ser em qualquer festa. Além disso, nos dias dEle, Joaquim Jeremias nos diz que a bebida mais comum era a "cevita", uma cerveja muito apreciada pelo mundo romano e por todas as pessoas da Palestina. Isso sem falar que o vinho da Ceia, segundo Paulo (I Co 11), tinha o poder de fazer embriagar ("...ao passo que há quem se embriague...”). Portanto, os cristãos originais não tinham essa neurose acerca de bebida alcoólica, até porque não dá para ser discípulo de Jesus e praticar essa forma de ascetismo —ou qualquer outra forma de ascetismo—, visto que Jesus era tudo, menos ascético; e o ensino de Paulo aos Colessenses é flagrantemente contrário ao ascetismo do tipo “... não bebas isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro...”, coisas essas que Paulo diz que têm “aparência de sabedoria e humildade, mas que não têm valor algum contra a sensualidade”.


7o. O mundo que mais me apavora é esse mundo maligno que se disfarça de religião de Deus. É aí que as mais estranhas e malignas manifestações do mundo se manifestam, embora ninguém dance, beba ou fume. Sim, eles não fazem nada disso. Porém, devoram-se uns aos outros, conspiram contra os irmãos, torcem pela queda de alguns, alegram-se com suas vitórias filhas da malícia e vivem para garantir o cosmético de sua falsa humildade, as quais são os disfarces dos lobos que se vestem de ovelhas.


8o. Eu sou contra qualquer coisa "para crente", pois apenas aumenta o engano do ascetismo e exacerba a doença religiosa, a qual advoga que crente vota em crente, dança com crente, bebe bebida de crente, e vive num mundo paralelo. Ora, Jesus apenas pediu que estivéssemos no mundo, porém livres do mal. Para Jesus, fugir da vida era se tornar sal que perde o sabor, e que para nada mais presta, nem para o monturo.


9o. Eu vou a boate quando dá —infelizmente, hoje em dia, muito raramente. Mas quando vou, vou a uma boate de gente, onde eu possa dançar com minha mulher, e dançar músicas normais, conforme a poesia da vida. Quase não bebo, pois, depois de duas hepatites, meu fígado não gosta do impacto da bebida em meu organismo. Todavia, meu paladar gosta de um bom vinho, de uma cerveja geladinha num dia quente, de um “Porto” após as refeições, de uma caipirosca na praia, e de champanhe nas celebrações solenes.


10o. O que vejo é que pessoas para as quais esses mandamentos da etiqueta evangélica herdada dos missionários americanos —filhos do puritanismo anglo-saxão— são um problema, esses mesmos são os que mais se complicam na vida, posto que não sabem por que são obrigados a desgostar do que naturalmente gostam e por que têm que chamar de maligno aquilo que para eles não é nada. Assim, um dia essas pessoas explodem, e os resultados são desastrosos, posto que Paulo disse que o ascetismo não tem nenhum valor contra a sensualidade ou contra a embriaguez.


Ora, isto dito, quero afirmar mais o seguinte:

1o. Careta você é. Sim, um caretão evangélico. Explico: Você só me escreveu isso porque não gosta de ver boate de crente (nem eu), mas não consegue negar seu conflito e sua vontade de ser normal e poder gostar de tudo o que você gosta sem culpa, só que você não pode em razão das proibições dos fariseus que o discipularam.


2o. Você está se esforçando para ver “o mundo” nessas bobagens que foram criadas pelo próprio ascetismo evangélico e pela hipocrisia da religião, sempre tentando manter os crentes sob a tutela da “igreja”, e isso até na hora de dançar. E você faz isso da maneira mais “evangélica” possível, isto é, coando os mosquitos (as bobagens de crente que querem ser normais mas não têm permissão para isso; daí criarem esses “híbridos”), enquanto engole os camelos (o sistema de controle “evangélico”, com suas proibições, as quais condenariam como mundano o próprio Jesus).


O que se tem que saber é que uma pessoa que aparecesse fazendo o que Jesus fazia (curas, milagres e libertações) e dizendo o que Jesus dizia, se, todavia, vivesse com a liberdade que Ele tinha de comer e beber nas festas dos “mundanos” (publicanos e pecadores), tal pessoa seria vista pelos “evangélicos” do mesmo modo que os fariseus e religiosos viram Jesus em Seus dias.


Ou seja, o olhar dos “evangélicos” não vê a vida com os olhos de Jesus.

Ora, quem quer que não veja a vida com os olhos de Jesus, mesmo que seja cristão ascético, esse é mais mundano do que os “mundanos” que tal pessoa condena.


Minha sugestão a você é que esqueças as doutrinas de homens que lhe ensinaram, e que abra os evangelhos e as cartas de Paulo, e os leia com a mente mais virgem que você tiver; e, assim, depois me escreva, e me diga se sua mente não mudou completamente.

Eu teria muito mais a lhe dizer, especialmente quanto ao risco de você estar com raiva de não ter nem a cabeça boba dos que criam “boate para crentes” nem ter a liberdade para viver a vida conforme a sua consciência, visto que sei que você já não é quem um dia foi, porém ainda não teve a coragem de assumir sua própria consciência diante de Deus, pois teme transgredir os mandamentos dos anciãos.